É revoltante o facto de a minha psicóloga conseguir falar de mim mais do que eu. Diz que engulo o choro, disfarço o medo e finjo que nada me atinge. Quando tenho que, e me permito chorar, ninguém pode ver. Diz que tenho medo da felicidade porque já assisti a demasiada tristeza. Diz que tenho medo do que demonstra ser verdadeiro porque eu não demonstro sentimento. É revoltante o facto de eu não saber muito desta vida, mas ter o privilégio de saber como as decepções a podem mudar. Diz que eu tenho um bom coração. Tenho um bom coração por apoiar mesmo os que mentem, enganam, traem e ainda assim andam com a consciência tranquila como se nada fosse. Isso é porque eu sou manipulada por mim. Porque eu tenho aquela mania de pensar que se eu posso fazer de maneira diferente, os outros também podem. Porque eu sinto que sou culpada de tudo, e jamais consigo ficar chateada com alguém.
Primeiramente quero agradecer à Carta Fora do Baralho por me ter desafiado para esta Tag. Algumas questões como ‘coisas que mais digo’ e ‘coisas que faço bem’ foram um pouco difíceis mas acho eu ficou algo de bem feito. Let's get started!
7 coisas para fazer antes de morrer:
1. Tocar num iceberg;
2. Escrever um livro;
3. Fazer parte de uma flash mob;
4. Pintar o cabelo de lilás;
5. Ir ao Japão;
6. Ser hipnotizada;
7. Inventar uma palavra que entre no dicionário.
7 coisas que mais digo:
1. What;
2. Ew;
3. Ok;
4. Não sei;
5. Hmm;
6. Tenho sono;
7. Same.
7 coisas que faço bem:
1. Tostas mistas (idk);
2. Levantar-me cedo;
3. Estudar;
4. Complicar as coisas simples;
5. Dormir;
6. Concentrar-me em coisas completamente estupidas;
O medo não é uma boa desculpa, é a desculpa que todos usam. Afastam-se por medo, isolam-se por medo, fogem por medo. Eu não. Prefiro ficar no meu canto, quietinha, solitária, ausente do mundo... do que interagir com pessoas, obrigar-me a gostar de alguém que passo a vida inteira sem descobrir quem realmente é. Mas não por medo. As pessoas apenas me esvaziam e eu preciso de sair novamente para me voltar a encher. Sou como uma coleccionadora de ‘quases’ e ‘senãos’, que se sente solitária no meio da multidão. Alguém impossível de entender, mesmo entrando na minha mente. Alguém que vê todas as manhãs os mesmos fantasmas que na noite anterior teriam assassinado o meu próprio orgulho. Só quero dormir por mil anos, ou simplesmente não existir. Não estar ciente da minha existência, ou algo parecido. Só quero que acabe.