Proibido proibir-me de sentir pena de mim
Quão triste soa ter pena de ter pena de mim? Já nem eu me percebo, talvez nem queira mesmo perceber. Talvez...
Talvez eu esteja neste momento em frente a um espelho, a olhar para os meus olhos vermelhos de tato chorar, e a perguntar-me em que momento me tornei este tipo de pessoa que chora sozinha e não tem para quem ligar quando não se sente bem. O tipo de pessoa que não recebe um abraço, daqueles que sufocam, dos verdadeiros. O tipo de pessoa que tem como melhor amigo o lápis e o papel. Não sei, mas acho que mesmo que soubesse não mudaria uma coisa, nem se pudesse voltar atrás no tempo. Talvez eu goste de ser «sozinha». Não é qualquer sentimento que esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer ou esgotados de esperar que alguém faça algo, esgotados de viver sempre a mesmice coisa.
Ser «sozinho» não significa solidão. Não. Solidão não falta de alguém para conversar, passear, namorar. Não é o sentimento que obtemos pela ausência de alguém que não pode voltar mais. Não é o retiro voluntário ao qual nos impomos para realizar algo. Não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsivamente para que revejamos aquilo que já alguma vez vivemos. Não é um vazio de pessoas ao nosso lado. É sim quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão por quem somos ou já fomos.