Quando a realidade decide aparecer
Sempre me disseram que eu deveria ser uma boa pessoa, fazer o melhor com do pior que recebesse. Ensinaram-me o significado do perdão, olhar para os outros com compaixão. Pediram-me para manter sempre o sorriso e a cabeça erguida, independentemente da força com que a vida me batesse. Disseram-me que o melhor remédio após uma queda é levantar-me, e provar que sou forte o suficiente para seguir em frente, por mais terrível que fosse o terreno.
Mas esqueceram-se de me dizer que as pessoas gostam de quem tudo perdoa, e erram sem pensar duas vezes, magoam como se nada fosse mudar. Esqueceram-se de dizer que me irei desculpar muitas vezes durante a vida, e nem sempre o meu perdão será aceite. Poderiam ter me dito que ser a melhor pessoa em qualquer situação, me ia colocará numa fase fria e escura, até preferir estar morta. Esqueceram-se de dizer que me levantar, às vezes é loucura, e o melhor a fazer é poupar-me de esforços inúteis. Esqueceram-se de me dizer que as pessoas estão sempre de partida, que continuar a sorrir pode ser mais doloroso que derrubar até a última lágrima. Apenas me fizeram acreditar que o mundo seria melhor se eu também o fosse. Mas não é.